Colégio Teutônia desenvolve projeto de Agroecologia

Colégio Teutônia desenvolve projeto de Agroecologia

Educar para a Sustentabilidade

Estudantes participam semanalmente de oficinas e atividades que desenvolvem diferentes estímulos cognitivos

A vida na cidade tem distanciado as pessoas do Meio Ambiente por vários motivos, que vão desde a falta de tempo e de espaço físico até a substituição de atividades. Com o processo tecnológico, as pessoas foram incorporando em suas práticas novos valores e esses parecem não contemplar atividades que se aproximam da natureza, do zelo pelo ambiente onde vivem e da produção primária, que é crucial para a manutenção da vida no planeta. Estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que, atualmente, 54% da população mundial vive em áreas urbanas, e projeta-se que em 2050 a população mundial ultrapasse nove bilhões de pessoas, das quais 70% residindo na zona urbana.

Nesse contexto, visando oportunizar interações e experiências significativas, os estudantes do Colégio Teutônia participam semanalmente de oficinas e atividades que desenvolvem diferentes estímulos cognitivos. Assim, nasceu em 2015 o Projeto de Agroecologia, uma parceria do educandário com o Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA). “A horta é um verdadeiro laboratório ao ar livre para que estudantes aprendam, na prática, temas como a importância de uma alimentação saudável, nutrientes presentes em alguns vegetais produzidos na horta, nutrientes do solo, ciclos da matéria na natureza, fotossíntese e diferentes formas de reprodução vegetal. Além disso o contato com a terra estimula os sentidos, desenvolve a importância do cuidado com a vida e o trabalho coletivo”, revela a bióloga e professora do Colégio Teutônia, Mirian Fabiane Strate, mestranda em Desenvolvimento Rural e especialista em Educação Ambiental.

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Os estudantes do Turno Integral, da Educação Infantil e das Séries Finais do Ensino Fundamental participam do projeto preparando os canteiros, plantando os vegetais, cuidando da manutenção dos cultivos e na colheita. Na horta do CT são cultivados alface, brócolis, couve, cenoura, rabanete, pepino, tomate, plantas condimentares e medicinais e aipim. Esses vegetais, após colhidos, são consumidos no almoço dos estudantes e também levados para casa, uma forma de estimular hábitos saudáveis na família.

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“Como um dos principais agentes socializadores, a escola é responsável não apenas pela difusão de conhecimentos, mas pela transmissão dos valores de uma cultura, de um conjunto de representações sobre tudo que a cerca: o Meio Ambiente, a sociedade, a alimentação, a cultura. Conforme crescem, as crianças aumentam a consciência e o contato com fenômenos naturais e fatos sociais; a partir das informações sensoriais e cognitivas, organizam suas explicações e arriscam respostas”, avalia a professora, acrescentando que as interações da criança com o meio “promovem a formação das representações sobre Meio Ambiente que irão guiar comportamentos e práticas durante a vida”.

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Hábitos saudáveis na alimentação

O estilo de vida do homem moderno modificou seus hábitos alimentares, passando a alimentar-se de produtos industrializados em detrimento aos legumes, às frutas e às verduras. Esses hábitos têm colaborado para o aumento dos problemas de saúde associados à obesidade, inclusive em crianças e adolescentes, doenças cardíacas e diabetes. Além disso, sua produção tem contribuído para o aumento das emissões de carbono na atmosfera, contribuindo para as mudanças climáticas, aumentado a demanda por recursos hídricos e a produção de resíduos devido ao excesso de embalagens, além do uso excessivo de agrotóxicos – o Brasil é campeão no uso dessas substâncias na produção, ameaçando a segurança alimentar.

Nesse sentido, a agricultura urbana de base agroecológica tem se apresentado como uma alternativa para o ambiente urbano e para a saúde da população, contribuindo com o desenvolvimento da biodiversidade, para o melhor aproveitamento dos espaços e dos resíduos, para o manejo adequado dos recursos de água e solo e para o fortalecimento da segurança alimentar e nutricional.

Motivados pelo presidente da Fundação Agrícola Teutônia (FAT), entidade mantenedora do CT, Silvério Brune, os estudantes do educandário colheram recentemente suas primeiras raízes de aipim, cuja atividade integrou turmas da Educação Infantil, do Turno Integral e da Educação Profissional no Projeto de Agroecologia do CT.

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“Os estudantes ficaram surpresos pelo tamanho das raízes que tiraram do solo, participaram da colheita e aprenderam a replantar o cavalo da própria planta, para aproveitar os nutrientes já existentes. Trata-se de uma atividade experimental, que permite comparação com a produtividade das técnicas convencionais de plantio utilizando a rama”, revela Mirian, explicando que as raízes serão utilizadas na aula de culinária e levadas para casa pelos estudantes com o objetivo de estimular a família a produzir o alimento, rico e de fácil cultivo, mesmo em ambiente urbano.

A mandioca, ou aipim (Manihot esculenta), é uma das culturas mais difundidas no Brasil, sendo cultivada em todas as regiões do país. A importância econômica da cultura da mandioca deriva do interesse em suas raízes ricas em amido, utilizadas na alimentação humana e animal, de seu uso na fabricação de produtos alimentícios (féculas e farinhas de vários tipos) e de outros ramos industriais. Devido ao seu alto valor energético, desempenha um importante papel no regime nutricional, fonte de fibras e isenta de glúten, possui sais minerais (cálcio, ferro e fósforo) e vitaminas do Complexo B.

“A alimentação é um elemento essencial para um estilo de vida mais equilibrado. Com escolhas mais conscientes no consumo de alimentos, a sociedade opta por aumentar os impactos positivos para a própria saúde e para a saúde do planeta. Os alimentos conectam as pessoas com o ambiente, com a economia, com a saúde, além de conectar entre si uma rede de pessoas, da produção ao consumo”, frisa a professora e bióloga.

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Outras iniciativas

 Além do Projeto de Agroecologia, os estudantes do CT também são estimulados a interagir com o ambiente em diversas outras atividades de sensibilização desenvolvidas no pátio do educandário ou na Granja do Colégio Teutônia, local que possibilita estudos ambientais sobre água, solos, biodiversidade e produção de alimentos.

Os estudantes do 7°, 8° e 9° Ano do Ensino Fundamental têm em seu currículo semanal oficina de Educação para a Sustentabilidade, em que são motivados a compreender o ambiente em suas múltiplas e complexas relações envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, sociais, econômicos, científicos, culturais, bem como a relação do ambiente global e local, e o papel crítico de cada ser humano em relação ao planeta.

“Mais do que a denúncia dos problemas ambientais, as ações com relação a esse tema devem proporcionar a possibilidade de intervir na realidade e de viver experiências concretas de sensibilização, prevenção, manutenção e recuperação do espaço em que vivem. A educação tem, na ação concreta, uma de suas principais bases envolvendo atitudes e comportamentos que, repetindo-se e transformando-se no dia a dia, poderão vir a consolidar-se como prática socialmente aceita”, avalia Mirian.

Para a docente, nesse contexto, a escola, instituição com função social singular, possui papel de agente transformador na medida em que oferece conhecimentos e formação de valores. “Todo mundo fala sobre como deixar um planeta melhor para os nossos filhos. Na verdade, deveríamos tentar deixar filhos melhores para o nosso planeta”, conclui, parafraseando o ator, cineasta e produtor americano, Clint Eastwood.

TEXTO – Leandro Augusto Hamester

CRÉDITO DAS FOTOS – Divulgação Colégio Teutônia