Debates sobre a cadeia leiteira reúnem cerca de 600 pessoas em Teutônia

Debates sobre a cadeia leiteira reúnem cerca de 600 pessoas em Teutônia

12ª edição do Fórum Tecnológico do Leite e 7º Fórum Itinerante do Leite destacam tecnologias para aumento de renda na produção

 

Evento reuniu cerca de 600 pessoas durante programação que transcorreu durante todo o dia em Teutônia

Um dia repleto de aprendizado, de integração e expectativas atraiu cerca de 600 pessoas a Teutônia para o 12º Fórum Tecnológico do Leite e o 7º Fórum Itinerante do Leite. Com o tema “Tecnologias para aumento de renda na produção leiteira”, os eventos ocorreram concomitantemente, com atividades desenvolvidas no Ginásio da Sociedade Esportiva e Recreativa Gaúcho, no Colégio Teutônia e na Granja do Colégio Teutônia. A programação contou com painéis, oficinas e debates, abordando a aplicabilidade de diferentes tecnologias na cadeia produtiva do leite no viés econômico, especialmente a sustentabilidade do produtor rural.

 Autoridades e parceiros participaram do brinde de leite na abertura da programação

 

Inovação e tecnologia

Representando o Governo do Estado, o secretário de Agricultura, Pecuária e Irrigação, Odacir Klein, falou das dificuldades da cadeia produtiva do leite e da sua importância econômica e social. “Precisamos inovar, criar novas tecnologias, o que é muito mais do que modernizar, que as vezes é simplesmente copiar o que os outros criaram. Precisamos avançar e ser inovadores, olhar para frente”, disse, destacando a qualidade e a quantidade do alimento, além da renda para o produtor, com a integração da iniciativa pública e privada com produtores, instituições de ensino, cooperativas, indústrias e consumidores.

 

Competitividade

Para o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Alexandre Guerra, é preciso construir competitividade, com maior produção por animal e por propriedade. “É fundamental buscar a profissionalização e a eficiência. Cerca de 19 mil produtores de leite deixaram a atividade pela inviabilidade produtiva ou ausência da sucessão familiar. Mesmo assim, o setor lácteo envolve 65 mil famílias no Rio Grande do Sul, o que representa cerca de 200 mil pessoas trabalhando diretamente com o leite no campo. Isso requer a união de todas as entidades e organizações preocupadas com o desenvolvimento do setor. Hoje, 95% dos municípios gaúchos possuem produção de leite, cujos recursos oriundos dessa atividade fazem a economia girar. É uma atividade que merece o respeito de todos”, afirmou, acrescentando que o setor leiteiro é cheio de oportunidades, apesar dos muitos desafios, mas com espaço para o crescimento e o aprendizado.

 

Assistência técnica

O fundamental trabalho de assistência técnica aos produtores rurais pautou o discurso do presidente da Emater/RS-Ascar, Iberê de Mesquita Orsi. Segundo ele, os profissionais técnicos são responsáveis por auxiliar na inserção de novas tecnologias no campo. “Acredita-se que 45% das empresas que devem atuar no ano de 2025 sequer estão em atividade hoje; em 2027, 45% das profissões que existem atualmente, não existirão mais; e em 2030, apenas 9% da população estará no campo. Isso aumenta a nossa responsabilidade de produção de alimentos, pois em 2030 estima-se que tenhamos 8,5 bilhões de bocas para alimentar. O fórum discute o futuro de uma atividade muito importante, que precisa ser profissional para ter capacidade de disputar mercado”, afirmou.

 

Parcerias

O secretário da Agricultura de Teutônia, Gilson Hollmann, valorizou as parcerias e parabenizou o Colégio Teutônia, um dos organizadores do evento, pelo trabalho de qualificação da mão de obra na formação técnico-profissional. “Teutônia é a segunda economia do Vale do Taquari, com 21,88% da arrecadação do município oriunda do setor primário. Esse desempenho tem relação direta com o aperfeiçoamento e qualificação da mão de obra para o campo. Paralelamente a isso, as parcerias e o trabalho das cooperativas são essenciais. Essa atuação conjunta nos torna um município e uma região diferenciada com relação ao setor primário”, enumerou.

Nessa mesma linha foi o discurso do diretor do Colégio Teutônia, Jonas Rückert. “Temos um grande compromisso com a sociedade, formando pessoas e profissionais qualificados. A 12ª edição do Fórum Tecnológico do Leite é um exemplo de interação com a comunidade, de trabalho em parceria e discussão de temáticas para enriquecem a cadeia do leite, sabendo dos desafios diários dos produtores nas suas propriedades rurais”, concluiu.

 

Programação

A programação dos fóruns contou com painéis sobre impactos do conforto térmico para a qualidade do leite e sobre ferramentas para gestão com foco na lucratividade; além de oficinas temáticas, o tradicional concurso de leite em metro e degustação de produtos lácteos.

Tradicional concurso de leite em metro foi uma das atrações

Na discussão, o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, comentou sobre as ações do Fundesa, especialmente no que se refere à certificação da produção como diferencial mercadológico. “É importante que o produtor faça o registro dos seus animais para ter acesso a indenizações, além da rastreabilidade e maior controle das ações do dia a dia da propriedade.”

O professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Carlos Bondan, destacou fatores que afetam a composição do leite: amostragem, raças/genética, nível de produção, período de lactação, número de partos e variações climáticas sazonais/estresse térmico. “Para atenuarmos os efeitos do estresse térmico devemos seguir algumas estratégias nutricionais, com o fornecimento de alimentos de alta qualidade, uso de suplementação mineral e água de qualidade em abundância. Além disso, há estratégias ambientais, que consideram espaços com sombra e resfriamento, altura adequada e posição das instalações”, sugeriu.

O consultor técnico da Nutrifarma/Agrifirm, Ricardo Xavier da Rocha, igualmente falou de alterações no leite, especialmente a influência das altas temperaturas. “Precisamos deixar de sofrer com a sazonalidade de condenação do leite no verão. Para isso é importante o monitoramento do rebanho e um plano de ação de curto, médio e longo prazo. Identificando os fatores, tomamos a decisão correta”, apontou.

A representante da Embrapa Clima Temperado, Ligia Pegoraro, acrescentou que o estresse térmico gera desconforto ao animal, o que influencia no seu nível de produtividade. “Temperatura, unidade relativa do ar e radiação solar são fatores que devem ser considerados na produção leiteira”, disse.

Representando o Conseleite, Marco Antonio Montoya procurou explicar os objetivos da organização, além da metodologia de cálculo de valores de remuneração da matéria-prima para produtores e indústrias. “O preço de referência trabalha com valor justo de remuneração, dando transparência ao mercado lácteo do Rio Grande do Sul e servindo de base para a livre negociação comercial entre os produtores rurais de leite e a indústria de laticínios”, definiu, elencando variáveis consideradas nesse processo: preços médios de comercialização de derivados, mix de comercialização dos derivados, rendimento industrial do leite na fabricação dos derivados e participação do custo da matéria-prima no custo total de produção dos derivados.

Com foco na utilização de ferramentas digitais na produção de leite, o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Leandro Ebert, apresentou case de projeto desenvolvido em propriedades rurais do município de Fagundes Varela. Destacou que o trabalho de assistência teve influência direta na busca de resultados. “Com esse trabalho, a produtividade média por hectare evoluiu de 14,5 mil litros para 15,5 mil litros, ampliando a produção média diária de 180 litros para 210 litros. Essas e outras estatísticas comprovam que é possível ganhar dinheiro com leite”, concluiu.

No período da tarde a programação ainda contou com quatro oficinas técnicas: “Eficiência energética e energia alternativa aplicada na propriedade”; “Panorama da Tuberculose e Brucelose no Vale do Taquari”; “Balanceamento de dietas para vacas leiteiras em lactação”; e “Reprodução e controle de doenças reprodutivas”. Os participantes foram divididos em grupos, com os debates realizados na SER Gaúcho, na Granja do Colégio Teutônia, no Auditório Central do Colégio Teutônia e no Mini Auditório do Colégio Teutônia.

O Fórum Tecnológico do Leite foi uma realização do Colégio Teutônia com a participação da Emater, da Fetag e das cooperativas Languiru, Certel e Sicredi. O 7ª Fórum Itinerante do Leite foi uma promoção do Sindilat, Secretaria Estadual da Agricultura, Ministério da Agricultura, Emater, Fundesa, Fetag, Farsul e Colégio Teutônia, com o patrocínio do BRDE e o apoio da Famurs e da Prefeitura de Teutônia.

Palestrantes participaram de debate em painéis realizados no turno da manhã

 Profissionais de diferentes áreas ligadas à cadeia leiteira conduziram oficinas na parte da tarde

 

TEXTO – Leandro Augusto Hamester

CRÉDITO DAS FOTOS – Leandro Augusto Hamester (4), Tiago Bald (1) e Divulgação Colégio Teutônia (1)