Educação Profissional

Aplicabilidade da teoria na prática no curso Técnico em Eletromecânica tem projeto implantado em propriedade rural de Westfália

“A satisfação psicológica é uma espécie de energia. Eu sou movido ao entusiasmo’’. A frase é do engenheiro e industrial brasileiro do ramo automobilístico João Gurgel, que em 1969 fundou a Gurgel Indústria e Comércio de Veículos em São Paulo, com a proposta de produzir veículos 100% nacionais. A citação serviu de inspiração para o estudante Ademir Jantsch no seu trabalho de conclusão do curso Técnico em Eletromecânica do Colégio Teutônia. Residente em Teutônia, ele construiu e implementou automatização de máquina de lavar esteiras transportadoras de ovos. Com orientação do professor Paulo José Schneider, o equipamento foi testado e instalado em granja na localidade de Linha Schmidt Fundos, no município de Westfália.

O LRK-CT21 Grüne Serie é um dispositivo totalmente automatizado para lavar uma esteira onde os ovos percorrem o caminho até sua classificação e embalagem, focado na produção de alimentos com mais qualidade e menos custo, tornando o processo mais ágil e eficiente. “A avicultura utiliza muita mão de obra, que está cada vez mais escassa e onerosa. A automatização torna-se uma excelente oportunidade, tanto em relação ao trabalho manual quanto à agilidade do processo, com menor custo. Também possibilita a lavagem das esteiras uniformemente”, justifica Jantsch.

O coordenador da Educação Profissional do CT nos cursos de Administração, Eletrotécnica e Eletromecânica, Mauro Régis de Oliveira, valoriza a aplicabilidade de situações criadas e conhecidas nos cursos técnicos na prática. “Quando os estudantes da Educação Profissional concluem 75% da carga horária do curso técnico, eles estão aptos a realizarem o estágio, momento importante na sua vida profissional. No estágio do Ademir, ele buscou uma solução técnica para o ambiente de produção, aplicando o conhecimento adquirido durante a formação em Eletromecânica”, ressalta, acrescentando que “o sucesso dos estudantes é o sucesso da instituição formadora”.

Resultados satisfatórios

O trabalho de pesquisa, estudo, planejamento e coleta de dados apresentou resultados satisfatórios. “O equipamento se mostrou viável e eficaz, principalmente pela notável economia de água, de tempo e mão de obra. Sua utilização pode ser feita por tempo pré-determinado ou conforme a necessidade de limpeza identificada pelo colaborador da sala de recebimento durante a inspeção visual”, explica Jantsch, enaltecendo ainda facilidade de operação.

O equipamento também atendeu às necessidades do avicultor, consultado desde o início do projeto. “Definimos medidas e formato, passamos para o desenho técnico e construção do modelo em barras de ferro para ajuste dos encaixes. Num segundo momento, foi realizado levantamento do tipo de materiais e quantidade para elaboração do orçamento. Com a máquina pronta e devidamente testada em bancada, a etapa final teve a instalação e acompanhamento de seu funcionamento”, resume o estudante.

O investimento na construção do equipamento foi de R$ 6,2 mil. Antes da automação, a limpeza manual da produção de ovos levava cerca de dois dias. Como a produção é diária, restava pouco tempo para a tarefa e, ainda que a limpeza fosse feita parcialmente, havia a dificuldade em ter a esteira limpa por completo.

Outro benefício refere-se à redução do consumo de água no processo. “A limpeza é possível com nenhum ou pouco consumo de água, tornando-o mais sustentável. Também é possível fazer a lavagem enquanto é realizada a coleta dos ovos, sem a necessidade de paralisar a atividade. Com a higienização diária, também não há o acúmulo de sujeira. Mesmo com o motor desligado, as cerdas das escovas estão em contato com a esteira, o que auxilia para que partículas maiores sejam removidas de imediato”, explica Jantsch.

Em seu TCC, o estudante cita a aprovação do avicultor com o novo equipamento. “O proprietário da granja afirma que depois da instalação, a sua preocupação com a limpeza das esteiras mudou. Hoje só aperta um botão e tudo acontece simultaneamente: classificação dos ovos e lavagem das esteiras”, menciona Jantsch.

Ele já pensa em novas possibilidades. “Onde há um problema, uma máquina pode ser a solução. A ideia inicial é encaminhar a patente da máquina atual. Mas, postei a foto num grupo de agricultores e alguém sugeriu a construção de outra máquina, para lavar batatas. Outra ideia que recebi foi de equipamento para lavar caixas de frango, uma vez que o sistema atual utiliza água quente pressurizada. Um novo equipamento poderia economizar água, acolhendo a ideia de professor na disciplina de Sustentabilidade”, conclui.

TEXTO – Leandro Augusto Hamester

CRÉDITO DAS FOTOS – Leandro Augusto Hamester