Segunda noite do Fórum Tecnológico do Leite debate sistemas produtivos

Segunda noite do Fórum Tecnológico do Leite debate sistemas produtivos

Com o tema “Qual sistema se adapta melhor a minha realidade?”, a segunda noite do 15º Fórum Tecnológico do Leite, realizada na quarta-feira, dia 20, reuniu público superior a mil pessoas, que acompanharam a transmissão online realizada pelo canal do Colégio Teutônia no Youtube. Na ocasião foram apresentados cases com adoção de free-stall, com agricultores da Granja Lenhard, de Estrela; com uso de compost barn, com produtores da Fazenda Frey, de Venâncio Aires; e com sistema misto de compost e pastejo, com o bovinocultor de leite, João Domingos Martins, também de Venâncio Aires.

Propriedade leiteira com adoção de free-stall foi apresentada por agricultores da Granja Lenhard, de Estrela, e abriu programação da segunda noite do Fórum

Free-stall

Com moderação do extensionista da Emater/RS-Ascar Diego Barden dos Santos, a noite foi aberta com explanação do casal Roberto e Eliana de Oliveira, de Linha São Jacó, município de Estrela, que possuem 95 animais em lactação em sistema de free-stall. Com produção diária de 3.500 litros de leite, Eliana salientou os avanços alcançados pela propriedade desde a adoção deste tipo de confinamento, que utiliza camas de borracha com uma camada de serragem. “O que garante não apenas conforto animal, mas também mais higiene, refletindo também na produtividade e na qualidade do leite”, explica.

Num comparativo, a produtora lembrou que, antes, a média diária de produção não ultrapassava os 20 litros de leite, contra mais de 35 atualmente. “Hoje o que percebemos é que o rebanho possui um gasto energético muito menor, o que reflete em mais produtividade, além de o sistema contribuir para a redução de contagem bacteriana total e de células somáticas”, avalia. Não por acaso, a Granja Lenhard foi a primeira agroindústria familiar do Vale do Taquari a produzir e processar leite tipo A. “Essa é uma conquista que muito nos orgulha, já que a nossa família se dedica à bovinocultura de leite há mais de 40 anos”, lembra Roberto.

Compost barn

A segunda experiência da noite foi apresentada pela jovem Marina Frey, da Fazenda Frey, de Venâncio Aires. Na propriedade que divide com os pais Írio e Marlene, mantém as 95 vacas em lactação – de um total de mais de 200 animais – em sistema de compost barn, que consiste na adoção de um grande espaço físico coberto para descanso das vacas, revestido por serragem. “É um tipo de sistema que garante bem-estar para o rebanho, conforto para quem trabalha e respeito às questões ambientais”, destaca Marina, que explica haver ainda outras vantagens, como a manifestação de cio mais visível.

Marina Frey, da Fazenda Frey, de Venâncio Aires, falou sobre o sistema de compost barn

Em sua fala, reforçou ainda os impactos na produção a partir da adoção do modelo, com o aumento de cerca de cinco litros de leite produzidos por animal ao dia, com contagem de células somáticas menores do que 180 mil células por mililitro de leite. Entre os “segredos”, destaca o bom dimensionamento do galpão, que possui pé direito alto, é bem ventilado e é capaz de abrigar até 120 animais. “O que também facilita o manejo e aumenta o profissionalismo na atividade”, frisa a produtora, que lembra o fato de a família lidar com leite há mais de 50 anos.

Sistema misto

Fechando a noite de debates, o produtor João Domingos Martins, de Venâncio Aires, apresentou case sobre sistema misto, com a adoção de compost barn intercalado com piqueteamento para pastejo. Com uma área pequena – cerca de 7,3 hectares, sendo cinco utilizados para a bovinocultura de leite –, destacou a potencialidade do modelo, que faz com que o rebanho se intercale, aproveitando o máximo possível da rusticidade do pasto e do conforto do confinamento. “O que para mim, que possuo uma área pequena, se apresenta como o formato ideal”, ponderou.

João Domingos Martins, de Venâncio Aires, apresentou case sobre sistema misto, com a adoção de compost barn intercalado com piqueteamento para pastejo

Com 23 vacas em lactação, que se mantêm livres na propriedade, produzindo uma média diária de 23 litros por animal, o revolvimento da cama com o escarificador – uma necessidade para quem adota o compost barn –, se torna facilitado. “É um manejo higiênico e de menor complexidade”, afirma. Nesse sentido, o mediador da noite fez questão de ressaltar o fato de que o que está em jogo neste debate é observar a própria realidade, antes de definir qual o melhor sistema. “Não estamos falando sobre melhor ou pior, e sim sobre tomada de decisão correta”, avalia.

Encerramento

O Fórum Tecnológico do Leite terá continuidade nesta quinta-feira, dia 21, com nova transmissão pelo canal do Colégio Teutônia no Youtube a partir das 20h. Nesta noite, o foco será o gerenciamento de resultados produtivos e financeiros na propriedade, com os cases “Gestão de pessoas e de números”, com a família Sprandel, de Teutônia, e “Gerenciamento como tomada de decisões”, com o produtor Artur Ziglioli, de Dois Lajeados. Na moderação estará o representante da Dália Alimentos, Luciano Redu.

O evento é uma realização do Colégio Teutônia e da Emater/RS-Ascar, com o apoio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do Estado, Samaq Massey Ferguson, Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Machado Agropecuária, Ordemax Sistemas de Ordenha, Dália Alimentos, Sicredi, Nutron, Certel Energia, Cooperagri, Tangará, Duagro Soluções Sustentáveis, Launer Química, Maná, Languiru e Milkparts.

TEXTO – Tiago Bald e Leandro Augusto Hamester

CRÉDITO DAS FOTOS – Divulgação Emater/Reprodução