Cerca de 200 pessoas participam de encontro de ex-alunos do Colégio Teutônia

Cerca de 200 pessoas participam de encontro de ex-alunos do Colégio Teutônia

“Somos todos CT”

No sábado, dia 07 de outubro, a tradicional sineta deu lugar ao antigo sino para anunciar o início da programação do Encontro de Ex-Alunos do Colégio Teutônia. As famílias chegavam com o chimarrão e o sorriso estampado no rosto. Logo surgiram os abraços e os olhos marejados no reencontro com ex-colegas, ex-professores, ex-diretores e ex-colaboradores da escola.

Na recepção, o Coral Infantil, o Grupo de Cordas, o Conjunto Instrumental e o Coral Juvenil abrilhantavam o encontro com belas apresentações. Muitas horas de conversa se iniciavam e certamente o tempo foi escasso para botar todo o papo em dia. Olhares surpresos, de felicidade, com um brilho de nostalgia e boas recordações do período de estudante resumem esse momento que contou com cerca de 200 participantes.

Alguns mais gordos, outros mais magros, com mais ou menos cabelos, amizades, amores, lembranças de um tempo que não volta mais, de fato o lema do Colégio Teutônia fez todo sentido nesse dia especial: “Somos todos CT”.

O atual diretor do Colégio Teutônia, Jonas Rückert, saudou a todos os presentes, desejando que pudessem se sentir em casa. “Nos reportando ao passado, temos muitos motivos para nos orgulhar. E se temos boas recordações de outras épocas, é porque vivemos. Quem não sabe de onde vem, não sabe para onde vai. Muitas pessoas fizeram parte da vida de 65 anos do Colégio Teutônia. A todos que passaram e seguem conosco, nossa gratidão”, disse, lembrando as comemorações pelo aniversário do educandário, festejado no último mês de julho, e os 500 anos da Reforma Protestante, celebrados no final de outubro.

Rückert ainda apresentou breve histórico da escola e fotos com a atual infraestrutura, com 1,5 mil estudantes atendidos por 152 professores e funcionários, falou de parcerias e das atividades extraclasse. “O nosso trabalho ao longo desses anos está baseado no relacionamento entre as pessoas, na busca constante pela educação de qualidade, conhecimento para a vida toda, um tesouro que jamais nos tiram. A formação é o legado que levamos do Colégio Teutônia para a vida”, concluiu.

Em seguida, a professora e responsável pelo setor de Diaconia do educandário, Aline Feldens Horst, conduziu momento de celebração religiosa.

Antes do início das visitas orientadas aos espaços da escola, todos foram presenteados com mimo do Colégio Teutônia e posaram para fotos das turmas, juntando grupos por décadas.

No almoço, a presença de Food Truck comandado por ex-aluno do CT movimentou o pátio em frente ao Auditório Central. A programação seguiu durante à tarde, com pessoas partindo e outras chegando para visitar as instalações do educandário.

Uma época de autoconhecimento

O advogado Rafael Wallauer Fritscher (29), de Teutônia, cursou o Ensino Médio e o curso Técnico em Meio Ambiente no período de 2003 a 2005. Mesmo sendo teutoniense, há dez anos não visitava o Colégio Teutônia. Já na chegada, percebeu a evolução e se disse vislumbrando com a infraestrutura. “Mudou bastante, está muito bonito e organizado”, disse, elogiando o espaço de convivência no pátio e a estrutura para a prática do atletismo.

Suas principais recordações reforçam os bons amigos da época de estudante, os momentos de estudo para as provas e a prática esportiva, uma vez que integrava o time de vôlei e a equipe de atletismo do CT. “São muitas lembranças boas da adolescência. Alguns colegas que reencontrei hoje, há muitos anos que não via. Eventos como esse são muito interessantes, pois todos viveram uma época especial de suas vidas na escola. O astral é muito positivo, de alegria, de recordações. Vivemos na escola uma época de autoconhecimento, e nesse ponto o Colégio Teutônia sempre ofertou diversas formas para que as pessoas pudessem conhecer melhor a si mesmas, desenvolver as suas habilidades. Vai muito além do aprendizado em sala de aula, o que acaba influenciando nas decisões pessoais e profissionais”, avalia.

 

“O Colégio Teutônia deu um norte para minha vida”

“Vencer, tendo por companheira a vontade, por ideal o saber e por recompensa a glória.” O lema constava no convite de formatura do curso de Administrador Agrícola em 1963, mas nem precisaria estar escrito, pois seu Germano Ademir Nied (74) jamais esqueceu a frase que norteou a formação daquela que foi a última turma do curso, com apenas quatro formandos. Hoje residindo em Lajeado, ele foi gerente da Associação Rural de Lajeado (Arla) por 32 anos depois de ter passado pelos bancos escolares do Colégio Teutônia, no período de 1960 a 1963.

Casado, pai de três filhos e avô de cinco netos, os olhos marejados reforçam a importância da escola para a vida pessoal e profissional. “Aprendi muito aqui, o Colégio Teutônia deu um norte para minha vida. Não sei o que teria sido de mim se não tivesse frequentado o Colégio Teutônia, se tivesse, por exemplo, ficado trabalhando apenas na agricultura. Os quatro anos de escola agrícola foram fundamentais para mim”, revela, com saudade da época de estudante. “Quando vim para cá, na década de 60, eu era um guri do interior, que só sabia trabalhar. Os meus pais eram agricultores e trabalhei muito com eles. A vida era bastante dura. Vim de Forquetinha e fiquei no internato. Eu era um rapaz que nunca havia saído de casa e sofri muito com a saudade. No decorrer do tempo, isso foi amenizando. Voltava para casa na Páscoa e nas férias, as famosas ‘saídas’”, comenta, feliz em poder retornar e conhecer os novos espaços do Colégio Teutônia.

 

Respeito e educação

O agricultor aposentado Erni Spellmeier (78), de Costão, município de Estrela, foi da primeira turma de estudantes do Colégio Teutônia, na década de 50. Viúvo, ele era um dos mais “experientes” no Encontro de Ex-Alunos. A turma do curso de Administrador Rural contava com 24 estudantes, vindos de diversos municípios e regiões do Estado. “Tínhamos aula e trabalhávamos na roça. Era o início de tudo, ainda não havia animais. Os primeiros vieram do Uruguai, uma vaca da raça holandesa e uma novilha. Eu e mais um colega éramos os responsáveis por ordenhar a vaca. Mais tarde vieram os suínos e também tivemos aula para aprender a plantar”, lembra, embora a grande maioria soubesse usar o antigo “saraquá” no plantio do milho.

Seu Spellmeier passou dois anos e meio no educandário e não chegou a concluir o curso por problemas de saúde na família. Ele era filho único e teve que voltar para casa quando a mãe adoeceu. “Fiquei triste quando tive que deixar a escola. Foi um período muito bom. Aqui até aprendi a usar os talheres da maneira correta. Tive muitos exemplos de respeito e de educação. Depois de tantos anos, muita coisa mudou. Ninguém poderia imaginar que a escola se transformaria no que é hoje. Estou impressionado com tudo que o Colégio Teutônia oferece”, concluiu, feliz com a oportunidade de retornar ao ambiente escolar.

 

 

TEXTO – Leandro Augusto Hamester

CRÉDITO DAS FOTOS – Leandro Augusto Hamester e Ana Lúcia dos Santos Hamester